O Festival Buffalo’s Gourmet – Sabores da Amazônia, realizado na Praça dos Esportes Radicais em Parauapebas desde quinta-feira (14), vem se destacando não apenas pela gastronomia, mas também pelo forte protagonismo feminino. Um dos exemplos em destaque é o trabalho do Instituto Avad, uma ONG que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade para a produção de itens sustentáveis, e é um dos expositores.
Segundo Any Franco, representante da ONG, o projeto se concentra em reaproveitar resíduos de uniformes de empresas parceiras, como a Geosol, para transformá-los em novos produtos. “Nós capacitamos mulheres para trabalhar, transformando esses uniformes em novos produtos. Elas têm essa parte de capacitação com empreendedorismo, educação emocional. A gente faz esse apoio de capacitação”, explica Ana.
Com quase um ano de existência, o instituto já capacitou dezenas de mulheres e tem planos de expandir a atuação. A ONG trabalha com um público-alvo de mães solo, mulheres em situação de vulnerabilidade e idosas, selecionadas por uma assistente social. A presença no festival foi crucial para divulgar o projeto e vender os produtos das alunas. “A feira veio como uma oportunidade de divulgação. A organização do evento está muito boa, o pessoal tem dado muita assistência”, afirma Ana.
Gastronomia inclusiva e empreendedorismo
O palco das oficinas de culinária foi dominado por chefs que apresentaram receitas inovadoras. Shirlen Leal, chef especializada em gastronomia funcional, veio de Belém para compartilhar sua experiência pessoal, motivada por intolerâncias e alergias alimentares em sua família. “Eu me engajei mesmo em estudar a cozinha inclusiva. A comida tem que ser prazerosa. A gente não pode, só porque tem algum tipo de restrição, não ter o prazer da boa mesa”, destaca.
Durante o evento, a chef ensinou receitas de bolos funcionais, sem glúten e com a opção de serem zero lactose, utilizando o leite de búfala, que é mais leve e menos inflamatório. Shirlen ressaltou a simplicidade das receitas e o potencial de empreendedorismo que elas oferecem. “Você não encontra bolos assim sem glúten, sem lactose em todos os lugares, e pode até empreender com essa receita”, incentivou.
A aluna Simone Borges, que trabalha com alimentos low carb (de baixo consumo de carboidratos), participou da aula de Shirlen para aprimorar suas receitas. Ela elogiou a organização do evento e a relevância do aprendizado, que aprofundou seu conhecimento sobre o uso de farinhas e produtos como o derivado do búfalo. “Qualquer coisa que a gente pega é um aprendizado. Isso é muito importante, muito bom”, comentou Simone.
Artesanato amazônico e valorização da cultura local
A cooperativa Preciosidades da Amazônia, liderada por Sandra Brasil, também presente no evento, trouxe a beleza e o simbolismo do artesanato feito a partir de sementes amazônicas. A cooperativa, que iniciou suas atividades em 2021 e está em processo de formalização, mostrou como é possível gerar renda e, ao mesmo tempo, preservar a natureza. “Nós mostramos o nosso trabalho e temos um público um pouco maior para falar sobre a preservação da natureza, a natureza em pé”, disse Sandra.
Durante o festival, a cooperativa realizou um desfile para exibir suas joias, incluindo peças feitas de açaí e jarina, conhecida como “marfim vegetal”. Sandra enfatizou que o artesanato não é apenas uma fonte de renda, mas também uma atividade terapêutica para as artesãs. “É um momento até de próprio relaxamento para quem está produzindo”, revelou.




