Parauapebas Política

Governo Aurélio Goiano fecha setembro devendo R$ 117 milhões na praça

 

Fornecedores e prestadores de serviço da Prefeitura de Parauapebas precisam colocar suas barbas de molho: os tempos do calote parecem estar voltando com tudo. Esse é o resultado da reconstrução da Capital do Minério pela equipe técnica que trabalha dia e noite para ajudar empresários forasteiros

Você daria crédito a alguém que, por exemplo, ganhasse R$ 1.740, torrasse tudo e ainda saísse devendo R$ 117? Não, né? Então está explicado por que a população olha com cada vez mais desconfiança a gestão caótica do prefeito Aurélio Goiano.

Ele e a famosa “equipe técnica” — expressão que de tão nociva e prejudicial a sua imagem Aurélio passou a abandonar — estão endividando a prefeitura a pretexto de uma reconstrução que a cada dia enterra a Capital do Minério a “cem metros de fundura”.

O Notícias de Parauapebas analisou dados lançados pelo governo de Aurélio Goiano no Portal da Transparência e constatou um panorama preocupante: mesmo o município tendo arrecadado R$ 1,74 bilhão de janeiro a setembro, o secretariado sem rumo de Aurélio conseguiu a “proeza” de deixar uma dívida na praça que totaliza R$ 117,15 milhões.

Esse valor é referente a notas já liquidadas, mas ainda não pagas pela gulosa “equipe técnica”, e como os números ainda não estão com ajustes contábeis, o cenário pode ser muito pior. Se forem levados em consideração valores empenhados e não liquidados, a dívida sobe para absurdos R$ 385,49 milhões. É o retrato do caos protagonizado por um misto de incapacidade de gestão e incompetência administrativa.

Vão dar calote

Fornecedores e prestadores de serviços que se preparem: vai ter calote, sim, senhor. Até 31 de dezembro, o secretariado de perfil questionável de Aurélio Goiano vai protagonizar o maior corre-corre que se viu em Parauapebas para anular notas a fim de conseguir fechar o caixa. É esperado que alguns gestores tenham de apelar até a sorte, do tipo “mamãe mandou”, para escolher a quem pagar. O cenário é muito pior que o que se viu no governo do ex-prefeito Darci Lermen, por quem Aurélio Goiano parece ter uma espécie de fetiche.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) ostenta a maior dívida na praça neste momento. Gerida por Luiz Veloso, um amador saído das entranhas da iniciativa privada diretamente para ajudar a travar Parauapebas, ele tem obtido sucesso na empreitada: a saúde está um caos, segundo usuários dos serviços, e a pasta que Veloso comanda entrou outubro devendo R$ 21,18 milhões em liquidações não pagas. O valor sobe a R$ 37,97 milhões se forem levados em conta os empenhos.

Em matéria de valores empenhados e não pagos, ninguém é mais incapaz que a secretária Maura Paulino, titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Ela, que torrou até 30 de setembro absurdos R$ 413,23 milhões sem mostrar resultados relevantes, tem neste momento R$ 41,93 milhões em empenhos para pagar.

Para variar, a “doutora”, que é detonada em praticamente toda sessão da Câmara, agora vem sendo desmentida até por alunos da rede municipal, que denunciam as condições de alguns estabelecimentos de ensino em vídeos irreverentes, criativos e virais. Maura Paulino também entrou na mira do deputado Rogério Barra por suposto mau uso de recursos públicos e é campeã na história do secretariado local em denúncias nos órgãos de fiscalização e controle externo.

Situação pior

Apesar das “buchas” em que a Semsa e a Semed se tornaram sob a cartilha doutrinária do prefeito autoproclamado “Doido”, elas não são nem de longe as pastas que proporcionalmente devem mais. O pódio está com a Procuradoria-Geral do Município (PGM), gerida por Hylder Andrade e que neste momento deve R$ 4,79 milhões, o correspondente a 16% de seu orçamento autorizado, no valor de R$ 29,78 milhões. Esse tipo de endividamento nunca tinha acontecido quando a pasta era gerida por procurador de carreira e competente.

Situação semelhante é a da Controladoria-Geral do Município (CGM), que deve cerca de R$ 874 mil, o que corresponde a 15% de seu tacanho orçamento de R$ 5,79 milhões. Gerida pela inexperiente Melina Caiado, a Controladoria — que deveria fornecer justamente suporte estratégico ao governo de Aurélio Goiano para garantir a eficiência de processos da administração, inclusive financeiros — tornou-se a representação da incompetência.

Além da PGM e da CGM, a situação é grave na Secretaria Municipal de Administração (Semad), na Central de Licitações e Contratos (CLC), na Secretaria Municipal de Segurança Institucional (Semsi) e até no Gabinete do Prefeito.

A Semad deve 14,5% de sua dotação orçamentária autorizada, enquanto a CLC deve 14%. A Semsi está devendo 13,9% de seu orçamento e o Gabinete de Aurélio Goiano — um antro de assessores que ninguém sabe se e onde trabalham de fato — tem dívida de 11,3%.

A Secretaria Municipal da Mulher (Semmu), comandada pela esposa de Aurélio, Beatriz Barbosa, também deve 10,5% do orçamento autorizado. Se ela não tivesse torrado milhões de Parauapebas com shows que não trouxeram qualquer resultado econômico e social às mulheres do município, talvez a pasta não estivesse devendo hoje R$ 2,22 milhões, que a população local vai ter que bancar.

E assim caminha a humanidade na Capital do Minério, que assiste à queda apoteótica no comércio local causada pelo comprometimento das finanças do município com empresas forasteiras, enquanto as secretarias municipais geridas por “técnicos” incapacitados vão afundando em dívidas, fato que desmente promessas de campanha de Aurélio Goiano de reconstruir Parauapebas. É a desconstrução do pouco que havia de bom.