Parauapebas

Secretário de Aurélio Goiano conta ‘lorota’ para justificar saúde na UTI e abafar incompetência

 

Ele teve coragem de contar por aí que aumento de pessoas doentes internadas em Parauapebas tem “explicação técnica e positiva” e é resultado de ampliação do atendimento. Para além do besteirol, o titular da Semsa não ousou explicar o que fez com R$ 413 milhões gastos em “saúde” em dez meses

Os subordinados do prefeito Aurélio Goiano aprenderam rápido a cartilha do chefe: mentir, disseminar imprecisões para confundir a opinião pública e espalhar fake news. O mais recente negacionismo dos fatos vem do titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Luiz Veloso, que nada entende de gestão pública e que, à frente de tão importante pasta, não consegue mostrar a que veio.

Nesta quinta-feira (6), incomodado com reportagem divulgada ontem por este portal Notícias de Parauapebas, o secretário Luiz Veloso tentou abafar, com disseminação de lorotas, a catástrofe que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta hoje. Com Aurélio Goiano e Luiz Veloso, a saúde de Parauapebas registra recorde de internações hospitalares e, ao mesmo tempo, computa gastos estratosféricos na pasta, mas que não chegam ao cidadão comum.

Veloso teve coragem de dizer que a alta nas internações tem “explicação técnica e positiva” e, para tanto, alegou ampliação da capacidade de atendimento da rede, reabertura de serviços e retomada de cirurgias que, segundo ele, estavam represadas.

Oposição pressiona Semsa

É fácil pegar o secretário tentando sair pela tangente. Basta uma simples passada de olho na pauta dos vereadores — inclusive da situação —, e as anedotas de Luiz Veloso são desmentidas.

A vereadora Maquivalda Barros (PDT) apresentou em março o Requerimento nº 13/2025 para obter da Semsa providências quanto ao cumprimento da Lei Municipal nº 4.884, que trata da divulgação da fila de espera dos pacientes que aguardam cirurgias eletivas. Resultado: foi ignorada.

Em setembro, a vereadora Érica Ribeiro (PSDB) solicitou ao Executivo municipal, via Requerimento nº 170/2025, relatório atualizado da fila de espera para consultas, exames e cirurgias eletivas. Resultado: também ignorada com sucesso.

E o vereador Zé do Bode (UB), que por meio do Requerimento nº 179/2025 pediu em setembro à Semsa informações acerca da fila de espera para exames e cirurgias de alta complexidade em Parauapebas, teve o mesmo desfecho: foi ignorado.

Situação cobra melhorias

Mas antes que algum puxa-saco do enfermo governo de Aurélio Goiano diga que esses nomes são vereadores de oposição, vale destacar pautas dos vereadores da base de apoio ao prefeito. O líder de governo, Léo Márcio (SDD), por exemplo, apresentou a Indicação nº 454/2025 em agosto, cobrando publicação com antecedência da ordem e data de consultas especializadas, exames, cirurgias e outros procedimentos de saúde agendados, visando garantir a transparência e a efetividade do sistema de saúde pública. Nada disso aconteceu.

Já Alex Ohana (PDT) apresentou a Indicação nº 125/2025, sugerindo a implantação de um programa emergencial de mutirão de cirurgias eletivas, bem como a Indicação nº 692/2025, propondo a inclusão prioritária de cirurgias ginecológicas no calendário de procedimentos eletivos, a fim de garantir o acesso integral à saúde e a melhoria da qualidade de vida das mulheres. Nada ainda.

Se a saúde estivesse de vento em pompa em matéria de ampliação da capacidade de atendimento, da retomada de serviços e de cirurgias represadas, tantos vereadores, inclusive da base do governo, estariam tão preocupados em potencializar o serviço? Improvável.

Cadê os R$ 413 milhões?

O secretário “viaja” também ao confrontar a demanda de Marabá com a de Parauapebas, divulgando números equivocados. Em Marabá, onde as internações foram reduzidas sob a gestão do prefeito Toni Cunha, o Ministério da Saúde computa 11.569 registros de janeiro a agosto, não 7.920.

Luiz Veloso deveria, sim, preocupar-se em explicar o que foi feito com R$ 413 milhões que a Semsa torrou ao longo de dez meses da gestão de Aurélio Goiano, tornando o serviço de saúde de Parauapebas um dos mais caros e ineficientes do Brasil, entregando, como resultado, um número recorde de internações, quando o minimamente ideal seria a redução da morbidade hospitalar.

Com sua “equipe técnica” desastrosa, o prefeito Aurélio Goiano segue mentindo, desmobilizando e precarizando serviços públicos essenciais, a pretexto de uma danosa reconstrução, que põe em risco as finanças de Parauapebas e a saúde da população. E há quem endosse, ache doce e abafe a tragédia administrativa em andamento.