Engenheiro de minas Michael Santos abordou potencialidades da região, destacou importância de ter mineração como aliada no combate às mudanças climáticas e enfatizou sustentabilidade
A badalada COP30, em Belém, que reúne líderes e representantes de mais de 100 países do mundo, parou na tarde desta quarta-feira (12) para assistir ao painel “Mineração Amazônica e a Agenda Climática Global”, que trouxe muitas curiosidades sobre os recursos minerais presentes no Pará, notadamente na rica região de Carajás.
O engenheiro de minas, professor e pesquisador Michael Santos falou a uma plateia composta por representantes de diversas entidades e setores econômicos, ocasião em que destacou desafios e oportunidades da mineração na Amazônia frente aos esforços para transição energética global.
Segundo Michael, que é servidor efetivo da Agência Nacional de Mineração (ANM) e, durante o painel, representou o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA) e a Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), a Amazônia possui potencial desconhecido por ela própria de minerais estratégicos como cobre, níquel e lítio.
As estatísticas oficiais endossam a fala de Michael. O Pará, anfitrião da COP30, é o maior produtor nacional de minério de cobre, com R$ 18,87 bilhões em movimentação mineral este ano, até outubro, muito à frente de Goiás, segundo colocado, com R$ 2,89 bilhões. Apenas Marabá, município paraense que é o maior produtor brasileiro dessa commodity, movimentou no período R$ 13,8 bilhões, quase cinco vezes mais que o estado de Goiás inteiro.
Em se tratando de níquel, o Pará é a terceira maior praça produtora do país, com R$ 245,9 milhões operados este ano e movimentação concentrada exclusivamente em Parauapebas.
Já na carteira de lítio, apesar de não haver produção oficial registrada, o estado amazônico possui três requerimentos de autorização de pesquisa ativos. Em estados como o vizinho Tocantins, o número de requerimentos para farejar esse mineral crítico chega a 40.
Gases de efeito estufa
Outro ponto importante do painel discutiu o papel da mineração na redução de emissões de gases do efeito estufa. De acordo com Michael, o avanço da eletrificação das operações do setor — com energia limpa e renovável — reduz custos operacionais e poluentes, à medida que promove ganhos de sustentabilidade.
“A mineração pode contribuir também com o uso sustentável da água e na promoção de justiça socioambiental, fortalecendo a governança climática nas regiões mineradoras, principalmente a Amazônia”, aponta o especialista, que trouxe curiosidades relacionadas a minerais críticos e estratégicos, os quais entraram este ano para a agenda da diplomacia e na pauta econômica mundial, mediante o tarifaço dos Estados Unidos a diversos países do globo, inclusive o Brasil.
O painel contou com a contribuição da engenheira florestal Suede Fernanda Baima e do geólogo José Maria Pastana e foi moderado pela engenheira de minas Brissa Parentoni, integrante da Assopem.





