Parauapebas Polícia

Ministério Público bota quente na ‘Sefaz técnica’ de Aurélio Goiano por pagamentos suspeitos

No governo mais atrapalhado de todos os tempos, irmã do prefeito, chefe da pasta que ele prometeu “enterrar a cem metros de fundura”, é a “fiscal” que não fiscaliza nem explica destino de mais de R$ 30 milhões em restos a pagar quitados pela Secretaria de Fazenda na primeira metade deste ano

Mais uma para a conta do prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano: agora, por provocação da vereadora Maquivalda Barros (PDT), o governo dele, notadamente a Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz), entrou na mira do Ministério Público por indícios de irregularidades em pagamentos relacionados a restos a pagar e a despesas de exercícios anteriores.

Aurélio estaria “pulando” a ordem de pagamentos de prestadores de serviços e fornecedores que tinham dinheiro para receber da Prefeitura de Parauapebas, em favorecimento àqueles supostamente alinhados política e ideologicamente a seu governo. A falta de transparência nos critérios adotados pela Administração Municipal para efetuar a quitação de débitos do governo passado chamou atenção da parlamentar.

Acionada sobre o caso, a 4ª Promotoria de Justiça quer saber detalhes da relação completa de restos a pagar inscritos no exercício de 2024 e analisar relatórios de empenho, liquidação e pagamento das despesas quitadas este ano, com destaque para aquelas realizadas em favor da empresa Manancial Locações e Serviços Ltda, que executa serviço de roço.

O promotor responsável pelo caso, Allan Pierre Chaves Rocha, também quer entender melhor os pareceres jurídicos e técnicos que fundamentaram a eventual quebra de ordem cronológica de pagamento, apreciar a relação dos fornecedores preteridos e checar os critérios utilizados pela Sefaz para definir a ordem de prioridade de pagamentos a prestadores de serviços. A pasta tem até a próxima sexta-feira (29) para prestar esclarecimentos à Promotoria.

Pagamentos dos “atrasados”

O portal Notícias de Parauapebas analisou o mais recente Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) entregue pelo governo de Aurélio Goiano aos órgãos de controle externo. O balanço é referente ao 3º bimestre consolidado em 30 de junho e revela que, de uma dívida de R$ 67,1 milhões em restos a pagar processados (despesas empenhadas e liquidadas) deixados pelo governo anterior em 31 de dezembro de 2024, Aurélio Goiano pagou R$ 29,62 milhões, o correspondente a 44% do débito.

Além disso, foram deixados R$ 2,91 milhões em restos a pagar não processados (despesas empenhadas, mas que não chegaram a ser sequer liquidadas), dos quais a turma de Goiano pagou R$ 2,34 milhões, 80% do total.

Esses pagamentos desmontam falácias do prefeito de que não quitaria dívidas deixadas pelo governo anterior. E ele aparentemente ainda fez pior que desmentir o que esbravejou em campanha: selecionou quem pagar, não respeitando a ordem cronológica dos fatos geradores de débitos, o que entrou no radar da investigação do Ministério Público.

Aurélio autorizou pagar R$ 21,91 milhões em restos nos primeiros dois meses de seu governo, valor que pulou para R$ 31,42 milhões no final de abril. A Secretaria Municipal de Obras (Semob) é a pasta que teve mais restos processados e não processados pagos, no valor de R$ 7,98 milhões, seguida da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), com R$ 5,54 milhões.

Irmã do prefeito é a ‘fiscal’

Mas quem, no governo de Aurélio Goiano, fiscalizava os pagamentos, inclusive dos restos a pagar? A resposta pode ser encontrada no trecho viral de entrevista que o prefeito concedeu à Rádio Arara Azul nesta sexta (22).

Segundo Aurélio, sua irmã, Natália Oliveira, atual titular da Secretaria Especial de Governo (Segov), é quem está “fiscalizando as coisas”. “A minha irmã está dentro do gabinete fiscalizando o Glauton, que é secretário de Finanças; fiscalizando a Joelma [chefe de Gabinete]; fiscalizando o Roginaldo [secretário de Obras]”, atesta, dizendo que ela, Natália, por ser irmã, não “jogará” contra ele, Aurélio.

Natália, diga-se de passagem, ocupa a pasta que o prefeito Aurélio Goiano prometeu acabar e “enterrar a cem metros de fundura”. Na prática, é todo o município de Parauapebas quem está sendo sepultado vivo pelas medidas atrapalhadas de Aurélio Goiano que estão levando a cidade à quebradeira e ao caos financeiro, econômico e social.