Na tentativa de valorizar passe do secretariado, prefeito superfatura números, marca de seu governo
Em entrevista à Rádio Arara Azul na última sexta-feira (22), o prefeito Aurélio Goiano disparou um arsenal de mentiras sobre seu secretariado. E sobrou até para os royalties de Parauapebas.
De acordo com o prefeito, nunca antes se viu “80% do secretariado concursado”. Ele só se esqueceu de ter em mente que essa informação pode ser muito bem checada, e a realidade é pior que a de governos anteriores. Além disso, é notório como o prefeito confunde servidor “concursado” com servidor “técnico” — e é por isso que a gestão dele está uma zona!
Como é orientado pela “equipe técnica”, Aurélio Goiano teve a cara de pau de dizer que a parcela dos royalties recebida em abril de 2024 pela gestão de Darci Lermen havia sido de R$ 112 milhões. Em mês algum do ano passado Parauapebas recebeu mais de R$ 100 em royalties.
Confira as abobrinhas que ele despejou nas ondas sonoras do programa Alerta 96, o mais ouvido nas manhãs de Parauapebas.
Mentira nº 3 — 80% do secretariado efetivo
“Oitenta por cento do meu secretariado é concursado. Isso não existiu na história de Parauapebas. A minha turma não é incompetente. (…) Quando na história de Parauapebas nós tivemos 80% de concursados neste município à frente das pastas importantes?”
A resposta é nunca. Essa é uma das mentiras mais contadas por aí pelo prefeito Aurélio Goiano desde que assumiu em 1º de janeiro. E há muito secretário de governo com vergonha dessa fala repetida, surrada e inverídica. Não é preciso ser Aladim, o gênio da lâmpada, para ir ao Portal da Transparência e verificar o vínculo dos secretários de governo. Em janeiro, quando já contava essa mentira, de um total de 22 órgãos do alto escalão, incluindo-se a Chefia de Gabinete do Chefe do Poder Executivo, a Chefia de Gabinete do Vice-Prefeito, o Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas (Prosap) e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saaep), havia apenas meia dúzia — isso mesmo: 6! — secretários concursados (a chefe de Gabinete, o diretor do Saaep, o titular do Prosap e os secretários de Obras, Turismo e Desenvolvimento). Ou seja, apenas 27% dos secretários são concursados. Menos até que noutros tempos. De janeiro para cá, pouca coisa mudou, embora as mentiras de Aurélio Goiano resistam ao tempo.
Mentira nº 4 — Cfem de R$ 112 milhões
“No ano passado, no mês de abril, os caras receberam R$ 112 milhões em Cfem. Um ano depois, quando virei prefeito, a gente recebeu a menor arrecadação em dez anos. Caiu de R$ 112 milhões para R$ 31 milhões.”
Muitas mentiras em um trecho só. Por ser mal assessorado e por ter uma “equipe técnica” de baixo nível, Aurélio não foi devidamente instruído sobre o fato de que, ao longo do ano passado, em mês algum a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) passou de R$ 88 milhões. Para começar, em abril do ano passado, a parcela da Cfem, também conhecida por royalty de mineração, foi de exatos R$ 55.872.821,76. Ninguém sabe de onde saiu mais essa loucura de R$ 112 milhões, introduzida na cabeça do prefeito por algum assessor tão “competente” quanto ele. Outro ponto é que, embora a Cfem de abril deste ano tenha caído para R$ 31.653.381,76, não é, nem de longe, a menor parcela em dez anos. É apenas o menor valor desde 2020, mas quantia razoável para um gestor consciente, eficiente, que tenda à probidade e preocupado com o município, o que parece não ser o caso do atual, mais preocupado em encher a folha de pagamento com puxa-saco e distribuir contratos milionários a empresas forasteiras, quebrando o comércio local.
