Pasta comandada por irmã do prefeito — que ele jura ter colocado lá para “fiscalizar” secretários — firmou contrato de locação de veículos por R$ 1 milhão para período de 12 meses, mas já pagou tudo. Notas fiscais atestam viagens que somam 119 mil Km, o suficiente para dar três voltas na Terra
É claro que Parauapebas não acreditou nas “potocas” contadas pelo prefeito Aurélio Goiano durante entrevista na Arara Azul, na última sexta-feira (22), principalmente quando ele disse que sua irmã, Natália Oliveira, atual titular da Secretaria Especial de Governo (Segov), foi colocada no cargo para “fiscalizar” os demais secretários.
Que fiscalizar, que nada: com Natália, o governo de Aurélio Goiano abriu as porteiras das contratações diretas, a pretexto de emergência autoprovocada, e firmou mais um conchavo milionário com a empresa New Locações & Serviços via Segov, pasta que o prefeito prometeu “enterrar a cem metros de fundura” quando era candidato e mesmo após eleito.
O valor do contrato é de exatos R$ 1.061.204,40 e foi assinado em 31 de janeiro deste ano. O acerto tem duração de 12 meses, durante os quais a Segov está alugando ônibus rodoviário — do tipo convencional, com banheiro, motorista e combustível inclusos — destinado supostamente ao atendimento de viagens intermunicipais e interestaduais.
A New, não é demais lembrar, é a mesma empresa que prestou o serviço de transporte escolar à prefeitura no primeiro semestre deste ano e recebeu milhões em pagamentos antes mesmo do início do ano letivo começar.
Quem descobriu mais essa maracutaia foi a vereadora Maquivalda Barros (PDT), que na sessão desta terça-feira (26) apresenta o Requerimento nº 171/2025 a fim de obter esclarecimentos acerca da execução do contrato nº 20250153, firmado este ano entre a Segov “vivíssima” de Aurélio Goiano e a New, empresa que o prefeito recentemente eliminou do “cardápio”.
Câmara vai continuar omissa?
É quase certeza que o requerimento da parlamentar será rejeitado, para vergonha de toda a Câmara, que se mostra subserviente aos desmandos de Aurélio Goiano, cuja popularidade afunda a níveis tão baixos quanto os da qualidade de seu governo.
Ainda assim, em nome da transparência dos atos da gestão e do bom uso dos recursos públicos, Maquivalda quer saber quais veículos (marca, modelo e quantidade) foram disponibilizados e as rotas eventualmente percorridas por eles, bem como demais documentos comprobatórios da regular execução do contrato.
A parlamentar já descobriu que foram feitas nos últimos 15 dias duas liquidações de notas em favor da New seguidas dos respectivos pagamentos no valor de R$ 702 mil e R$ 359 mil. Para justificar o primeiro pagamento, a Segov indica trajeto percorrido de 79 mil quilômetros, e para o segundo pagamento, cerca de 40,5 mil quilômetros percorridos. Somados os dois trajetos, de 119,5 mil quilômetros, seria possível à Segov dar três voltas pela Terra dentro dos ônibus da New.
De acordo com Maquivalda, o processo carece de documentos imprescindíveis à fiscalização efetiva do contrato no Portal da Transparência, o que dificulta o controle social sobre os atos do Poder Executivo municipal. Mas, no governo de Aurélio Goiano, o apagão de informações no portal virou regra e a transparência, exceção.
Os atos administrativos eivados de suspeitas e os pagamentos questionáveis protagonizados pela atual gestão dão margem à desconfiança crescente da população, o que se reflete na popularidade de Aurélio, que amarga o índice mais baixo de avaliação positiva na história da política local para um primeiro ano de mandato.





